terça-feira, 30 de março de 2010

Sobre Fé e Promessas

Imagem do filme O pagador de
Promessas

"A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” Hebreus 11:1


Operar apenas para o presente por muitas vezes é insuficiente na nossa vida e isso se intensifica quando não conseguimos compreender, suportar ou resolver a realidade que nos cerca, assim, a fé reside nas expectativas do futuro próspero, daquilo que ainda não é real. A fé é abstrata e diz respeito àquilo que não se vê. A promessa é um meio de materialização da fé e que se dá através do compromisso estabelecido. Meus anseios em realizar a montagem de “O Pagador de Promessas” estão em refletir e criar a partir da procedência da fé. Na peça de Dias Gomes, o protagonista Zé-do-Burro tem na promessa a ação concreta que comprova a sua fé. Diante da impossibilidade da cura e sem esperança, a personagem encontra em Iansã a explicação para o que aconteceu com Nicolau, seu burro de estimação, atingido por um raio, e entende a promessa de andar 42 quilômetros com uma cruz de madeira até a igreja de Santa Barbara e dividir sua propriedade com lavradores pobres, uma troca justa para seu desejo tornar-se real. “Iansã tinha ferido Nicolau com um raio...para ela eu devia fazer uma obrigação, quer dizer uma promessa”. (2006,P.50). O que para Zé era apenas uma obrigação aos personagens é interpretada como oportunismo, soberba, ideologia política, alienação, loucura. Ao espectador resta olhar a fé de Zé como inocência. A mim basta entender a fé como o incessante desejo de que no final tudo vai dar certo. E, de um jeito ou de outro, dá!
Ana Carolina Ribeiro

Poder da fé

Recentemente, uma senhora de minha família começou a perceber que estava tendo queda de cabelos acima do normal. Desconfiada, procurou ajudas médicas.
Ela conta que se consultou com vários especialistas, chegando a fazer tratamentos com inúmeros medicamentos e métodos, como xampus, cremes capilares, pílulas de vitaminas e sais minerais, métodos caseiros entre outros.
Quando ela fala dos métodos caseiros, dá risada. Seu tom de voz é uma mistura de ironia com indignação, como que se ao falar, pensasse “como fui capaz de fazer isso?”. No desespero pela perda dos cabelos, toda e qualquer história, simpatia e receita mirabolante – “os antigos faziam” -, chegou a fazer. Acreditem, até um caldo feijão cozido passou na cabeça!
Ela sempre foi muito religiosa, dessas de não perder pelo menos uma missa na semana, rezar com frequência o terço, e diariamente ouvir programas e missas de alguns padres pelo rádio. Todos os dias ela tem uma JARRA de água sendo benta pelas ondas de rádios – digo, pelos padres. E foi a partir dessa água, que a história de promessa começou.
Com muita fé, coisa que nunca lhe faltou, rezou e pediu que a queda de cabelos cessasse, voltassem a crescer e ficassem volumosos novamente. Para isso, fez o juramento de nunca mais tomar medicamentos para queda capilar ou seguir dicas populares, e ao invés disso, lavaria seus cabelos com água benta. Se sua promessa fosse atendida, em agradecimento levaria todos aqueles medicamentos a Sala dos Milagres em Aparecida do Norte – SP.
Bom, ela ainda não foi a Aparecida do Norte, mas se emociona ao contar-me esta história. Diz que sua fé – e claro Deus – lhe devolveu auto-estima, confiança e fortaleceu ainda mais sua crença no poder da fé.
Posso afirmar que é notável que os cabelos dela estão mais volumosos hoje em dia.
Perguntei quando ela vai cumprir sua parte da promessa (de levar os medicamentos), ela responde ligeiramente: “o mais rápido possível. Até o meio do ano. Vai que o pessoal lá de cima desconfia de mim”, diverte-se.

Mário Henrique Hummel Pierolli , ator da montagem

sexta-feira, 26 de março de 2010

Numa coisa só

As primeiras pesquisas específicas já estão sendo encaminhadas e temos encontrado várias coisas interessantes; SINCRETISMO, SALAS DE MILAGRES, PRIMEIRA MONTAGEM, CAPOEIRA, IANSÃ/SANTA BÁRBARA, DIAS GOMES, são os primeiros “assuntos” que buscaremos entender e discutir como participantes do processo. O entendimento teórico do texto e do contexto ao qual nos aplicaremos a partir dessas pesquisas é tão importante quanto os “trabalhos de ensaio” que começamos a desenvolver, TUDO É PRÁTICA e está dentro de uma coisa só: Nosso Objetivo; Nossa Promessa.

Preparação vocal

Capoeira

Samba na roda

Luan Valero

terça-feira, 23 de março de 2010

A ESCADARIA



Nosso terceiro encontro (20/03) teve a primeira experiência prática direcionada à temática da peça. Os participantes trabalharam movimentos corporais sobre os degraus da arquibancada da sala e ali tivemos um primeiro elemento sugerido na obra de Gomes a ser investigado: A escadaria da igreja de Santa Barbara.
A escadaria está na peça como elemento cenográfico. Porém, é o que antecipa o obstáculo pelo qual o protagonista Zé-do-Burro tem de vencer para cumprir a risca sua promessa: atravessar a porta da igreja.
A escada enquanto elemento antecessor do obstáculo é o que elevará a personagem até seu objetivo maior. Assim, Zé vê-se no plano baixo enquanto seu desejo está no alto, além das escadas, e terá de subir degrau por degrau em busca do que quer. Esta ascenssão é bastante representativa na fé cristã. Pois,o céu é a representação do paraíso, está no alto, tal qual a igreja. Zé está no plano baixo,onde vive o verdadeiro inferno em vida em meio ao pecado representado por personagens mundanos, como a relacão luxuriosa de Bonitão e Marli, a esposa adúltera, as explorações da mídia, a soberba no abuso de poder das autoridades.
Assim, a escada como elemento itermediário é o purgatório de Zé, em que passará todo o tempo da peça avançando e recuando de acordo com as intermediações a sua volta. Por fim, o protagonista terá sua honra reconhecida, e conseguirá o paraíso (entrar na igreja) mas não em vida, tal qual promete a fé cristã. Entra na igreja, mas como sujeito passivo, sendo carregado por homens, não por sua propria ação.

Ana Carolina Ribeiro

segunda-feira, 15 de março de 2010

PRIMEIRO ENCONTRO


Iniciamos o processo de montagem da peça "O Pagador de Promessas" de Dias Gomes no dia 06 de março de 2010. Esta montagem faz parte das comemorações de 15 anos da Escola Municipal de Teatro - FUNCART e foi contamplada como pojeto independente pelo PROMIC - Programa Municipal de Incetivo a Cultura de Londrina em dezembro de 2009.
Nosso primeiro encontro contou com 25 alunos que a partir de agora serão chamados de elenco, superou as espectativas, pois o texto pede um número grande de atores.
Salas de ex-votos, promessas, amalgamas religiosas dentro da cabeça de um único homem, Zé do Burro. O que as pessoas a sua volta acham de sua promessa maior, de sua fé, de sua convicção e,também, de sua vida pessoal. A igreja centraliza o ambiente e a partir de Zé, pessoas misturam-se a santos e dogmas, gerando assim, preconceitos e dúvidas sobre a fé alheia e a fé própria.