Promessas
"A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” Hebreus 11:1
Operar apenas para o presente por muitas vezes é insuficiente na nossa vida e isso se intensifica quando não conseguimos compreender, suportar ou resolver a realidade que nos cerca, assim, a fé reside nas expectativas do futuro próspero, daquilo que ainda não é real. A fé é abstrata e diz respeito àquilo que não se vê. A promessa é um meio de materialização da fé e que se dá através do compromisso estabelecido. Meus anseios em realizar a montagem de “O Pagador de Promessas” estão em refletir e criar a partir da procedência da fé. Na peça de Dias Gomes, o protagonista Zé-do-Burro tem na promessa a ação concreta que comprova a sua fé. Diante da impossibilidade da cura e sem esperança, a personagem encontra em Iansã a explicação para o que aconteceu com Nicolau, seu burro de estimação, atingido por um raio, e entende a promessa de andar 42 quilômetros com uma cruz de madeira até a igreja de Santa Barbara e dividir sua propriedade com lavradores pobres, uma troca justa para seu desejo tornar-se real. “Iansã tinha ferido Nicolau com um raio...para ela eu devia fazer uma obrigação, quer dizer uma promessa”. (2006,P.50). O que para Zé era apenas uma obrigação aos personagens é interpretada como oportunismo, soberba, ideologia política, alienação, loucura. Ao espectador resta olhar a fé de Zé como inocência. A mim basta entender a fé como o incessante desejo de que no final tudo vai dar certo. E, de um jeito ou de outro, dá!
Ana Carolina Ribeiro